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Vozes do Global Forest Watch: Vinicius Silgueiro, Instituto Centro de Vida
Há uma década, o lançamento do Global Forest Watch (GFW) inaugurou uma nova era de responsabilização e transparência sobre o monitoramento e proteção das florestas globais. Para celebrar esses 10 anos de impacto, nossa série Voices of Global Forest Watch destacará os casos de sucessos dos usuários, parceiros e membros da comunidade do GFW ao longo do ano. Nós convidamos você a ler, ver e compartilhar as histórias de líderes excepcionais no monitoramento que desempenharam um papel fundamental na proteção das florestas em todo o mundo.
“Floresta, para mim, é vida. Floresta é água, é terra, são as pessoas.” – Vinicius Silgueiro, Coordenador de Inteligência Territorial, Instituto Centro de Vida
A história de Vinicius Silgueiro começa com uma conexão profunda com a Amazônia brasileira, inspirando seus esforços para protegê-la por meio de seu trabalho no Instituto Centro de Vida (ICV), uma organização sem fins lucrativos que se concentra no uso sustentável da terra e na preservação dos recursos naturais no estado de Mato Grosso, que é conhecido por sua rica biodiversidade.
“Nasci e cresci em um ambiente com uma diversidade de vegetação entre os biomas Cerrado e Pantanal, e depois vim morar na Amazônia. Ter floresta é ter vida”, disse Vinicius, que trabalha no ICV desde que era estagiário, há 14 anos.
O ICV utiliza as extensas imagens de satélite e capacidades de alerta de desmatamento do GFW em seu trabalho de proteção ambiental.
Como beneficiário do Small Grants Fund (SGF) de 2020 a 2022, o ICV ajudou a expandir o uso do GFW no Ministério Público de Mato Grosso para responsabilizar os proprietários de terras por crimes ambientais. O ICV treinoutécnicos do Ministério Público sobre como usar as ferramentas e dados do GFW para combater o desmatamento ilegal e os incêndios, e ajudou a desenvolver uma metodologia e um processo para que os promotores e a equipe técnica identifiquem e ajam em caso de alertas de desmatamento ilegal.
O ICV também desenvolveu uma série de vídeos tutoriais para ajudar promotores, técnicos, consultores, pesquisadores, acadêmicos e outros a monitorar as mudanças na cobertura da terra causadas por incêndios e desmatamento, usando o GFW.
“Percebemos um aumento nos esforços de fiscalização ambiental, tanto do Ministério Público quanto da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, para realizar fiscalizações em campo e apurar danos e infrações ambientais”, disse Vinicius.
O trabalho do ICV abriu um precedente para a integração da tecnologia de sensoriamento remoto nos esforços de conservação ambiental em Mato Grosso. Vinicius acredita que envolver comunidades como os Povos Indígenas nesses esforços é crucial para a sustentabilidade.
“Uma parte essencial deste trabalho é o sentido de capacidade das pessoas [para usar ferramentas de monitoramento]”, disse Vinicius, explicando como o ICV promoveu uma abordagem comunitária para o monitoramento ambiental, equipando os indivíduos com as ferramentas para recolher e reportar dados sobre crimes contra a floresta. “Temos hoje mais de 40 Povos Indígenas em [Mato Grosso] que têm o potencial para usar ferramentas de monitoramento para monitorar seus territórios e protegê-los diretamente.”
Estas atividades permitiram que promotores, técnicos e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente reunissem evidências detalhadas, incluindo fotos georreferenciadas e coordenadas geográficas de atividades ilegais, que são fundamentais para identificar e abordar focos de desmatamento. Os dados recolhidos melhoraram significativamente a aplicação da lei e os esforços de conservação.
Desde 2020, o ICV expandiu o uso das ferramentas do GFW para além da Amazônia para monitorar outros biomas críticos. Um artigo científico publicado recentemente aborda a experiência e resultados com o uso do GFW pelo MPMT para monitorar e deter o desmatamento no bioma Cerrado.
“Biomas como o Pantanal e o Cerrado nem sempre têm tanta visibilidade quanto a Amazônia, mas são muito importantes para o equilíbrio climático e hidrológico e abrigam uma enorme biodiversidade”, disse Vinicius, explicando que Mato Grosso inclui áreas de três dos seis biomas do Brasil.“Um estado com toda essa riqueza natural, com diversidade de Povos Indígenas e comunidades tradicionais, além de líder em produtividade agrícola e pecuária, apresenta-se como um excelente laboratório para encontrar as soluções de sustentabilidade que nosso planeta necessita.”
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